Minha avó Peró
A publicação da história aqui apresentada foi autorizada pela minha avó Perolina da Costa Pinto Silva.
Possuidora de
uma alegria contagiante e sabedoria invejável Perolina, ou melhor dizendo minha avó Peró é, antes de tudo, uma menina de espírito livre e
sorriso fácil. Mãe de oito filhos, nasceu em 30 de outubro de 1922, casou-se aos vinte anos e exerceu uma variedade de profissões. Viveu em São Bento do Inhatá, Aliança, Amélia Rodrigues e hoje reside em Salvador.
Atualmente com
94 anos, Perolina possui oito filhos, além de netos e bisnetos que buscam através desses momentos conhecer um pouco mais sobre essa pessoa maravilhosa que é vovó Peró. Ela está sempre disposta a
compartilhar suas histórias e recordações, por isso, deixo aqui o link do blog semanal
que ela utiliza para escrever suas memórias: https://quintacompero.wordpress.com/. Além de seu blog, minha querida vó escreveu dois livros: um em 2013 e outro em 2015, contando um pouco da sua história. Livros esses que foram distribuídos para familiares e amigos próximos.
Nessa publicação, trarei as recordações de minha avó sobre São Bento do Inhatá.
Minha avó tinha dez irmãos e
seus pais eram bem humildes. Seu pai trabalhava como gerente de uma destilaria
em São Francisco, um distrito de Berimbau (Conceição do Jacuípe). Depois eles se
mudaram para São Bento do Inhatá, aonde minha avó viveu a maior parte de sua
vida.
As viagens
Nessa época as viagens eram
a pé de São Bento para outros distritos como Picado, Aliança e Traripe (Amélia
Rodrigues). As vezes, era possível pegar carona em um carro de boi que passava
pela estrada.
Sobre São Bento do Inhatá
Desenho da minha avó
O mercado era no meio da
rua, havia um barracão muito grande. E a feira era bem movimentada. São Bento tinha várias
festividades como a Festa de São João, o 2 de julho e 14 de setembro (Cruzeiro)
que era uma festa muito grande organizada pelos donos da usina. Acontecia uma
missa nesse dia e o padre benzia a usina, a locomotiva e as máquinas.
Dona Peró viu a Vila da Lapa
(São Bento) ser emancipada e esteve presente na época da escolha do primeiro prefeito.
Os candidatos eram Dr. Gervásio Bacelar e Sr Mario Souza. Esteve presente
também na fundação do primeiro Jornal de São Bento do Inhatá montado por
Elderico Cardoso; o jornal levava o nome de Pimenta.
Sobre a Usina de São Bento
A usina moía a cana de açúcar. Nessa época São Bento era bem agitada, sempre tinha festa na usina. Quando a usina fechou, o movimento de
pessoas caiu e viver de comércio ficou difícil.
Minha avó possuía uma padaria
nesse período, além de fabricar chouriça
e carne do sol para vender aos funcionários da usina.
Alguns de seus trabalhos e
atividades
Em Aliança, ela montou uma
escola para adultos dentro da sua própria casa com os homens que trabalhavam na
usina fazendo com que eles estudassem das 19 h ás 21 horas. O gerente da usina
arrumou as cadeiras que durante o dia ficavam empilhadas dentro de sua casa.
Juntamente com os irmãos, aos
doze anos, ela plantou uma roça de fumo que segundo ela, era um produto que
estava em alta na época, ou seja, 1934.
Ela confeccionava bonecas de
pano, fazia charuto para vender, foi dona de uma agencia de bicicleta, de uma armazém,
de uma padaria e de uma banca de jogo do bicho (quando ainda não era proibido).
Para finalizar essa parte do
blog apresento um trecho do livro Memórias de uma menina risonha de Perolina da
Costa Pinto Silva.
“Alguém há de perguntar: e
na vida dessa menina, que só vivia sorrindo, até em presença da morte, nunca
houve tristeza, preocupação, aborrecimento, desgosto, decepção, magoa? Ela
responderá:
_Sim, houve tudo isso, mas
eu que não sou boba, juntei tudo, fiz um
pacote bem fechado e enterrei em um buraco
bem fundo. Então nada disso existe mais.
Mas hoje o meu coração é pequeno para tanto amor.”